Torres de Mondego, é uma Freguesia do concelho de Coimbra que dista desta 5 quilómetros. Dividida pelo Mondego, cujo vale faz vislumbrar uma paisagem fascinante, onde alternam o verde e o casario.
Trata-se de uma antiquíssima localidade, que pertencia à área de defensa periférica de Coimbra. Enquanto Freguesia data de 1 de Fevereiro de 1934, segundo diploma publicado no Diário do Governo 1ª Série N.º 26, onde se pode ler no Art.º 1 “É criada no Concelho de Coimbra a Freguesia de Torres do Mondego”.
Anteriormente pertencera à freguesia de Santo António dos Olivais da urbe de Coimbra. Mas, como «locus» habitado, a sua existência é muito anterior à nacionalidade que como se sabe, nasceu em 1128, como referência em suportes documentais respeitantes ao século XI, circunstância que não implica a inexistência de um povoamento ainda mais antigo, hipótese forçada pela vicinalidade da velha Aemininum (Coimbra).
Terá sido D. Afonso III das Astúrias quem inicialmente a repovoou. Os cronicões citam este (re)povoamento já inserido na própria urbe, integrando-a com o sentido de expansão territorial da «civitas» para esse flanco, numa adjacência defensiva de grande importância.
O topónimo «Torres» não deixa dúvidas quanto ao tipo de fortificação, posto avançado de precioso contributo, desde as bandas do sueste.
Um documento de 1103, leva a crer que, a «villa» de Torres tenha sido, na integra, propriedade privada de D. Paterno que, vindo do estrangeiro, ocupou a cátedra conimbricence, na esteira, exemplo e égide de D. Sisnando, uma vez que esta aparece em seu nome pessoal e não concretamente no da Sé ou Catedral.
Obviamente que, recém-chegado, sem bens hereditários dos seus antepassados, tenha sentido necessidade de constituir os seus próprios bens de raiz, que o contexto propiciava. Convém lembrar que as suas relações com D. Sisnando eram bastante positivas.
No entanto, na transição do século XI para XII, a «villa» de Torres surge já como propriedade da Sé de Coimbra, o que leva a admitir que entre D. Paterno e D. Crescónio, tenha sido celebrado o testamento da doação.
No ano de 1102, o bispo D. Maurício Burdino (sucessor de D. Crescónio), fez concessão de metade da «villa Torris nomine» e ainda de um sexto da outra metade a uma dama de nome Eugénia Stephaniz.
No princípio do século XII, realizou-se a concessão, a título precário, de toda a «villa» de Torres, pela Sé de Coimbra, que objectivava ali não só o povoamento e a agricultura, mas também o reforço da presença, vigilância e alerta, de caráter militar, desde esse ponto de observação estratégico e critico das águas do Mondego e das sendas de infiltração encaixadas nas suas margens.
A D. Maurício (século XII), entretanto transferido para Braga, sucede, desde 1109, o bispo D. Gonçalo Pais, acabado de regressar de uma visita a Jerusalém e a Constantinopla. Enquadrada no tempo procurou-se, assim, na medida do possível desvendar a razão toponímica e a identidade dos primeiros precursores ligados à origem e evolução da «villa» de Torres, no contexto rural, religioso e militar longevos, ante a «Civitae» Coimbrã que, desde os tempos passados, foi uma das mais importantes portas da urbe, a que o moderno Itinerário Principal 3 retirou, ultimamente, impacto rodoviário, mas que continua, incontestavelmente, a ser um local apetecível, graças aos seus pontos de atracção.